calendar_month
26/04/2024

Audiência Pública aponta caminhos para atendimento de crianças, jovens e adultos autistas em Araguaína


Necessidade de apoio psicológico às famílias, de tratamento para jovens e adultos com autismo, ausência de intersetorialidade de serviços, falta de receptividade da pessoa autista na rede escolar particular e pública foram alguns dos temas destacados por pais e profissionais durante audiência pública realizada pelo Ministério Público do Tocantins (MPTO) em Araguaína nesta sexta-feira, 26, para debater os serviços públicos de atendimento à pessoa com autismo.


Foram mais de oito horas de debates, apresentações e relatos acompanhados pelo promotor de Justiça Pedro Jainer Passos, titular da 14ª Promotoria de Justiça de Araguaína, que fez um balanço positivo do evento. “Foi uma audiência pública salutar, tecnicamente importante e pessoalmente emocionante. Saímos daqui com indicativos de melhorias dos serviços públicos, indicativos de ramificações em que o Ministério Público vai atuar aqui e também com a certeza da boa vontade dos presentes, da boa vontade do poder público”, frisou.


A promotora de Justiça da área da Saúde Bartira Quinteiro também participou da audiência e elogiou o envolvimento e as manifestações da sociedade e dos órgãos que compareceram. “Foi muito positiva e valiosa essa conversa com a sociedade. Saímos daqui com vários encaminhamentos a serem adotados. Demandas e desafios a serem tocados pela 5ª Promotoria de Justiça”, destacou. 


Adolescentes e adultos com autismo


Natasha Corado é mãe de uma criança de 12 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e falou sobre a necessidade de continuidade no atendimento dado à criança quando ela entra na adolescência e sai do ensino fundamental. “Foram ótimos com meu filho na clínica Mundo Autista, mas agora ele é adolescente e não pode mais ficar lá e, como mãe, ficamos à deriva, precisando de apoio. Por isso, um evento como este é tão importante para entender em que portas podemos bater”, disse. 


Alguns participantes também falaram sobre a dificuldade da pessoa que é diagnosticada na idade adulta com TEA ser incluída na sociedade, o que acaba os levando a sair da escola, por dificuldade de interação, problemas de comportamento social, entre outros. São na maioria, pessoas com autismo leve, ou seja, o nível menos grave do espectro. As mães de pessoas com autismo mais grave também relataram a dificuldade de encontrar cuidadores ou de adaptar a rotina para atender aos filhos. 


“A população autista é uma população que cada vez cresce mais. Amanhã o médico que vai te atender na unidade de saúde pode ter autismo, amanhã o engenheiro que vai projetar a casa onde você vai morar pode ser alguém com esse tipo de transtorno. O autista está inserido na sociedade e isso é irreversível, isso não muda, a gente tem que estar preparado para isso, e o Ministério Público vai estar aqui para poder fomentar essas políticas públicas”, destacou o promotor de Justiça Pedro Jainer Passos.


O promotor citou como exemplo desta realidade dados apresentados pela Clínica Mundo Autista, que é mantida pelo Município de Araguaína e hoje tem cerca de 200 alunos que já foram desvinculados do sistema municipal por concluírem o ensino fundamental e que deveriam ser absorvidos pelo sistema estadual.



Representantes de instituições de nível superior também participaram do debate e pontuaram como têm se adaptado para atender estudantes com autismo que tiveram aprovação em cursos como o de medicina, por exemplo.



Rede de atendimento


O fluxo de atendimento das redes municipal e estadual foi apresentado por representantes das secretarias municipais e estaduais de educação e saúde.


O prefeito de Araguaína, Wagner Rodrigues, também esteve presente na audiência e elogiou a iniciativa do Ministério Público e se comprometeu com a causa. “Fico muito feliz de ver a participação efetiva do Ministério Público em vir aqui buscar alternativas, sugestões e colaborar com o fortalecimento das políticas públicas que são voltadas à pessoa com autismo”, frisou.


Gravação


A audiência pública foi gravada e será disponibilizada no canal do MPTO no Youtube (@mpetocantins). A ata e relatório final com os encaminhamentos dados também será disponibilizado para a população no link  Audiência Pública, no portal do MPTO na internet.


(Texto: Daianne Fernandes - Ascom MPTO)