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2º Painel do Fórum reúne representantes de comunidades tradicionais e especialistas

Atualizado em 16/09/2020 00:00

O segundo painel do V Encontro do Fórum Tocantinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos realizado na tarde desta quarta-feira, 16, trouxe para o debate representantes de comunidades tradicionais e especialistas para tratar do tema agroecologia e saúde.


O painel reuniu a representante da Cooperativa de Agricultores Agroecológicos do Bico do Papagaio, Maria Senhora Carvalho da Silva; a representante da Cooperativa Agroindustrial do Reassentamento Córrego do Prata, Maria do Carmo Correia Martins; a liderança indígena do povo Krahô, em Lagoa da Confusão, Davi Camõc Krahô; o coordenador da Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO), Paulo Rogério Gonçalves; a coordenadora do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal do Tocantins (Neads/UFT), Keila Aparecida Beraldo; e o articulador do Projeto Ação Coletiva Comida de Verdade, Rafael Oliveira.


A relação entre agroecologia e saúde, segundo a mediadora do debate Mônica Costa Barros, teve início após a revolução verde no Brasil, em meados de 1950, período em que o país lançou uso de recursos para ampliar a produção agrícola em larga escala, incluindo o uso de agrotóxicos. A agroecologia foi sendo alçada como alternativa de prática agrícola que leva em consideração a sustentabilidade ambiental e a saúde humana.


As experiências agroecológicas apresentadas por Maria Senhora, no Bico do Papagaio e por Maria do Carmo, no Reassentamento Córrego do Prata confirmam essa tendência. Elas produzem alimentos em pequenas áreas e sem nenhum tipo de agrotóxico, que suprem a própria necessidade de consumo, mas que também servem para gerar renda, embora ambas consideram fundamental que o Estado amplie o suporte para melhorar a comercialização dos produtos agroecológicos.


O líder indígena Davi Camõc Krahô apresentou um panorama de dificuldades existente em muitos povoados indígenas, que atualmente são cercados por produtores rurais que produzem monoculturas em larga escala e com uso intensivo de agrotóxicos. De acordo com Davi Camõc, devido a proximidade os “venenos” usados nas lavouras dos grandes produtores contaminam as aldeias e causam enfermidades na população indígena.


Políticas Públicas

A implementação de políticas públicas para fomentar a produção e garantir a distribuição de alimentos produzidos por meio da agroecologia foi unânime na fala de todos os painelistas.


O coordenador da APA-TO, Paulo Rogério Gonçalves, reforçou a necessidade de uma política que favoreça o abastecimento de alimentos de qualidade produzidos no entorno das cidades, via sistemas agroecológicos. Isso, segundo ele, garante alimentos frescos, sem perda de nutrientes e mais saudáveis.


A coordenadora do Neads/UFT, Keila Aparecida Beraldo, trouxe dados acerca dos impactos dos agrotóxicos na saúde dos trabalhadores rurais, familiares dos trabalhadores rurais, vizinhos e consumidores em geral. O gasto no Sistema Único de Saúde com atendimentos de pessoas contaminadas com agrotóxicos no Tocantins, de 2012 a 2018, foi de mais de R$ 1,3 milhões.


A coordenadora acredita que deve haver políticas para incentivar as cadeias produtivas curtas nas quais o produtor estabeleça relação de confiança com o consumidor. Exemplos dessas experiências são as feiras agroecológicas; grupo de compra coletiva; cooperativas de produção; e serviços de entrega de cestas de produtos.


Iniciativas no Brasil

Ao final do painel, o jornalista e articulador do Projeto Ação Coletiva Comida de Verdade, Rafael Oliveira, apresentou o projeto, que consiste em mapear as iniciativas de organizações civis em todo o Brasil relacionadas a agroecologia, segurança alimentar e soberania nutricional.


Estão sendo lançadas na plataforma do Projeto a atuação de organizações, principalmente durante a pandemia, que visam dar assistência as famílias em situação de vulnerabilidade e criar oportunidades para superação da crise alimentar em que estão inseridas. A expectativa, de acordo com Rafael Oliveira, é sistematizar as experiências e subsidiar a criação de políticas públicas para fortalecimento da agroecologia e medidas de segurança alimentar.


O V Encontro é uma realização do Fórum Tocantinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos em parceria com o Ministério Público do Tocantins (MPTO). (Luiz Melchiades)


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