Oito homens são denunciados pelo MPTO por crimes motivados por conflitos agrários na região do Matopiba
Oito homens foram denunciados pelo Ministério Público do Tocantins (MPTO) na última quinta-feira, 14, por cometerem incêndios, corrupção de menores, lesão corporal e diversos outros crimes na zona rural do município de Barra do Ouro, em uma região conhecida como Gleba Tauá, palco de conflitos associados à grilagem de terras e desmatamento ilegal.
A denúncia, ajuizada pela Promotoria de Justiça de Goiatins, pontua que os crimes aconteceram entre os anos de 2021 e 2023. Os acusados, que agiam em conjunto e com uso ostensivo de arma de fogo, foram denunciados pelo crime de organização criminosa.
Também são acusados de cinco incêndios criminosos, todos contra chácaras na região. Além disso, eles responderão pelos crimes de lesão corporal, posse irregular de arma de fogo e de corrupção de menores. Adolescentes eram cooptados para atuar nos crimes citados e na “guarda armada” da área da Gleba Tauá.
Prisão
Parte do grupo foi presa, no último mês de novembro, em operação de cumprimento de mandado de busca e apreensão conduzida pela 35ª Delegacia de Polícia Civil de Goiatins. Na ação, foram apreendidos celulares, armas de fogo, munições e rádios comunicadores.
A ação, que faz parte da Operação Hórus, contou com o apoio de policiais de Araguaína e do Grupo de Operações Táticas Especiais (GOTE) e integra uma investigação que já ocorre há cerca de um ano, com o objetivo de diminuir os impactos da violência decorrente dos conflitos agrários existentes no local.
A operação prendeu quatro pessoas, autuadas em flagrante pela posse ilegal de armas e corrupção de menores. Dois adolescentes também foram autuados em flagrante por ato infracional análogo ao crime de porte ilegal de arma de fogo.
Conflito de terras
Segundo o “Mapa de Conflitos envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil”, desenvolvido a partir de uma parceria entre a Fiocruz e a ONG Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), a Gleba Tauá é uma terra pública da União, de aproximadamente 13 mil hectares, onde 80 famílias de posseiros vivem há várias gerações, com base na agricultura. Está em meio à área conhecida como Matopiba, que sofre com forte expansão agrícola e é palco de graves conflitos com origem na grilagem de terras.
(Texto: Daianne Fernandes - Ascom MPTO)