Em denúncia criminal, MPE pede que acusados sejam levados a Tribunal do Júri
Denise Soares
O Subprocurador-Geral de Justiça, José Maria da Silva Júnior, em entrevista coletiva concedida na tarde desta segunda-feira, 28, anunciou o oferecimento de denúncia criminal contra os seis Policiais Militares (PMs) suspeitos de integrarem um grupo de extermínio em Gurupi.
A denúncia, que será protocolada ainda hoje, requer que os acusados sejam processados e condenados pelos crimes de homicídio qualificado, em concurso de pessoas (atividade típica de grupo de extermínio), cometido no exercício da função, em razão disso, com abuso de autoridade.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), juntamente com uma força-tarefa composta de quatro Promotores de Justiça que acompanharam as investigações, concluiu que Heber Cleber de Rezende, Elizabeth Pereira Dias Oliveira, José Alberto Sousa Abreu da Mata, Marcelo Guimarães Barros, Amarildo Cordeiro Duarte e Elpides de Oliveira Silva executaram cinco jovens.
Os indícios de autoria dos crimes recaíram sobre os policiais após o depoimento de familiares das vítimas e de testemunhas. Os Promotores acreditam que as mortes foram revide aos assassinatos de dois policiais na cidade, Cabo Lins e Sargento Leosmar, ambos assassinados no ano passado.
Nos autos, consta que na noite do dia 21 e na madrugada do dia 22 de setembro de 2012, em uma estrada vicinal entre as cidades de Gurupi e Peixe, os acusados teriam abordado os jovens (possivelmente com outros agentes ainda não identificados) e utilizando-se de armas de fogo calibre 38 e calibre 12, efetuaram disparos nas nucas das vítimas - Walyson de Oliveira Gonçalves, Regivaldo Miranda da Silva e Reginaldo Alves. Pouco tempo depois e próximo à mesma região, os policiais teriam disparado também contra Daniel Alves Batista e Cláudio Roberto Pereira da Silva. Após os homicídios, por volta de 3h55 da manhã, os policiais procuraram um posto de gasolina para que pudessem lavar as botas e fumar charutos (como forma de comemoração pelo sucesso da empreitada delituosa). A ação foi identificada em imagens de circuito interno daquele estabelecimento.
O Subprocurador-Geral ressaltou que as investigações continuam e que outras pessoas envolvidas podem vir a responder. "Investigamos também a existência de outras vítimas", disse José Maria.
Ao oferecer a denúncia, o Ministério Público Estadual requer que os réus sejam levados a julgamento pelo Tribunal do Júri.
Decreto de prisão preventiva
Na última sexta-feira, 25, a juíza Gisele Pereira de Assunção Veronezi, da Comarca de Gurupi, determinou a prisão preventiva dos seis policiais militares. A prisão preventiva foi requerida pelos delegados José Rérisson Macêdo, Liliane Albuquerque e Evaldo de Oliveira Gomes, com manifestação favorável do Ministério Público do Estado (MPE).
Em sua decisão, a juíza justifica a permanência dos investigados em prisão pelo fato de que eles teriam "tentado tumultuar a instrução criminal, ameaçando testemunhas e destruindo provas. Inclusive, há suspeita de que os supostos autores tenham executado uma das testemunhas do caso". Além disso, Gisele Veronezi fundamenta a decisão alegando a extrema gravidade dos vários homicídios praticados, principalmente porque os supostos agentes são policiais militares, pessoas que, por lei, são autorizadas a usar armas.