Febre Amarela Urbana e/ou Silvestre ? : Brasil vive o caminho silencioso de uma Epidemia Nacional
Nos municípios dos estados afetados pelo surto de Febre Amarela, o limite entre a área urbana e a zona rural, em sua grande maioria só é definido geograficamente..( Muitas vezes as áreas rurais e urbanas não são facilmente identificáveis, em razão da grande integração que tem ocorrido entre elas.) O IBGE define como situação urbana as áreas correspondentes às cidades (sedes municipais),às vilas (sedes distritais) ou às áreas urbanas isoladas. A situação rural abrange toda a área situada fora desses limites. Este critério é, também, utilizado na classificação da população urbana e rural.
A ocorrência de casos humanos suspeitos e/ou confirmados, de epizootia ou a comprovação de circulação viral em vetores, são importantes para adoção das medidas de controle, portanto a notificação desses eventos deve ser imediata, pela via mais rápida.
De humanos - As medidas importantes são a vigilância das enfermidades que fazem diagnóstico diferencial com a febre amarela e a vigilância sanitária de portos, aeroportos e passagens de fronteira, com a exigência do certificado internacional de vacina, com pelo menos 10 anos da última dose aplicada para viajantes procedentes de países ou área endêmica de febre amarela.
De primatas não humanos - Iniciar as medidas de controle a partir da observação de um macaco morto ou doente.
De vetores silvestres - A medida indicada é a captura destes mosquitos nas áreas de ocorrência de caso humano suspeito e/ou de epizootias, ou em locais de monitoramento da circulação viral, visando se proceder ao isolamento do vírus amarílico.
Tenho frequentemente observado que há uma preferência em "omitir" a condição de Epidemia ,optando por tratar o tema Febre Amarela como um "pequeno surto", algo que talvez, soe mais suave para quem lê. Mas é impossível, burlar as definições já declaradas anteriormente .
A flor da pele encontro também a transpiração do medo presente em alguns textos disponibilizados na internet que preferem delimitar a área do "surto" de Febre Amarela como não urbana,criando assim nos leitores uma falsa impressão de proteção, como se a distância produzida pelas palavras usadas pelo redator(Febre Amarela Silvestre) colocasse o problema longe das cercanias politizadas de uma metrópole. Para corroborar com o estar seguro, ainda imputam aos mosquitos Haemagogus e Sabethes(Vetores Silvestres,rural,da mata), como sendo exclusivos e os atuais vilões dessa história. São raros os questionamentos que poderiam existir diante da complexidade que envolve essa patologia.
É preciso que fique bem claro que a Febre Amarela é uma só doença, independente de ser a Silvestre ou a Urbana - a única diferença entre as terminologias utilizadas são os seus vetores, ou seja, os mosquitos que carregam os vírus que vão infectar os humanos. Vale ressaltar que na febre amarela urbana o homem é o único hospedeiro vertebrado com importância epidemiológica, enquanto que na febre amarela silvestre os macacos são os principais hospedeiros vertebrados do vírus amarílico. Neste caso, o homem é apenas um hospedeiro acidental. Em ambas as situações, os reservatórios do vírus são os mosquitos.( Aedes - urbano, e Haemagogus e Sabethes na área rural). As espécies Aedes e Haemagogus vivem em diferentes habitats – algumas em volta das casas (domésticas), outras na floresta (silvestres) e algumas nos dois locais (semi-domésticas).
Na Febre Amarela Silvestre o ciclo de transmissão se processa entre o macaco infectado - mosquito silvestre-macaco sadio.
Na Febre Amarela Urbana a transmissão se faz através da picada do mosquito Aedes aegypti, no ciclo: homem infectado -Aedes aegypti -- homem sadio.
Algumas considerações sobre a Febre Amarela no Brasil, da OMS ,do professor André Ribas de Freitas e do epidemiologista Eduardo Massad, da USP.
"As grandes epidemias ocorrem quando pessoas infectadas introduzem o vírus em zonas densamente povoadas, com elevada densidade de mosquitos e onde a maioria das pessoas tem pouca ou nenhuma imunidade, por não estarem vacinadas. Nestas condições, os mosquitos infectados transmitem o vírus de pessoa para pessoa." OMS
"A transmissão desse surto ainda está em fase silvestre. Isso quer dizer que ela está mais restrita a regiões rurais e próximas de matas. Ou seja, a febre amarela não chegou a áreas urbanas. Para entender isso, precisamos compreender o ciclo da doença. Em um primeiro momento, seu vírus é espalhado pelos mosquitos Haemogogus e Sabethes, que vivem mais em matas, e infectam eminentemente macacos. Se um ser humano passa pela região, pode ser picado e desenvolver a doença. Se esse indivíduo vai para uma cidade e é picado por um mosquito Aedes aegypti, pode iniciar um segundo ciclo. Ou seja, ele vira um foco da doença, que pode ser picado por outro mosquito, que aí pica outro ser humano e daí em diante. Se isso ganha escala, pode afetar as cidades.
É importante saber o que está acontecendo em Minas Gerais para tomas as medidas efetivas. Não quero fazer conjecturas, mas muitas hipóteses são possíveis para uma situação dessas. Talvez o vírus da febre amarela tenha conseguido chegar a muitos Aedes aegypti, ou talvez haja um mosquito invasor, por exemplo. Ao investigar os infectados e os mosquitos da região, teremos respostas mais claras. ANDRÉ RIBAS DE FREITAS professor da Faculdade São Leopoldo Mandic "
"Precisamos entender o risco de reintrodução de febre amarela urbana, o que seria uma enorme tragédia, talvez maior do que zika, dengue e chikungunya juntas - porque ela mata quase 50% das pessoas que não são tratadas.
O governo deveria elaborar uma estratégia para ampliar a vacinação contra a febre amarela em todo o país, incluindo as zonas costeiras, onde estão alguns dos maiores centros urbanos, que não são consideradas endêmicas.
"A probabilidade de levar uma picada de Aedes aegypti no Rio durante o Carnaval é 99,9%. É inescapável..... Imagine se chega alguém com febre amarela no Rio no Carnaval."epidemiologista Eduardo Massad, da USP.
Características epidemiológicas da febre amarela no Brasil, 2000-2012
No estudo que procurou descrever as características epidemiológicas da febre amarela no Brasil no período de 2000 a 2012, realizado por Karina Ribeiro Leite Jardim Cavalcante e Pedro Luiz Tauil foram confirmados 326 casos de febre amarela no país nesse período, com 156 óbitos e taxa de letalidade média de 47,8%; o grupo de adultos jovens do sexo masculino foi o mais acometido; nas epizootias, foi identificado um total de 2.856 primatas não humanos notificados com suspeita de febre amarela, 31,1% deles confirmados laboratorialmente; no período estudado, foi identificada expansão da área de transmissão silvestre da doença para regiões densamente povoadas, como Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Os autores chegaram a conclusão que persiste o risco de transmissão urbana da febre amarela, pois a incidência silvestre da doença tem se expandido para regiões onde existe alta infestação do Aedes aegypti, mosquito transmissor do ciclo urbano da doença.
Se essa simples conjectura analítica que fiz sobre a Febre Amarela , se os textos reproduzidos dos mais renomados especialistas em doenças infecciosas corresponderem a verdadeira realidade Brasileira, e se o Aedes Aegypti,ou mesmo o Albopictus estiverem correlacionados com alguns casos atuais de Febre Amarela, então não há dúvida que o Brasil já está na rota de uma Epidemia de Febre Amarela Urbana associada a um agravamento da Silvestre(Haemagogus-Sabhetes).
Neste momento devemos esperar e cobrar dos gestores da saúde uma melhor transparência nas informações e uma melhor definição da área onde os casos estão ocorrendo (rural - urbana ) e consequentemente os vetores envolvidos), além de seguirmos estritamente as orientações preconizadas pela OMS. Urge que população colabore com a eliminação dos criadouros de mosquitos, e que tenha conhecimento pleno sobre o que realmente está acontecendo no sistema de saúde desse país e que as novas medidas que forem adotadas pelo Governo Brasileiro como resultado desse novo/velho cenário possam ser tomadas de forma eficaz ,evitando portanto que a população corra risco de vida em decorrência da alta taxa de letalidade (" o risco de morrer") encontrada nessa infecção viral !
Não sou especialista na área,mas a única certeza que tenho, é que onde existir o Aedes, o risco de contrair Febre Amarela é real e que a forma mais eficaz de proteção é a vacina!!
Fonte: Blog ALAGOAS REAL
https://alagoasreal.blogspot.com/2017/02/febre-amarela-urbana-eou-silvestre-brasil0vive-caminho-silencioso-epidemia-nacional.html?m=1
Fontes:
IBGE
Gov BR
Saúde MG
http://saude.abril.com.br
bbc.com